quinta-feira, 7 de maio de 2009

Refrigerantes com substâncias cancerígenas

Em uma pesquisa com 24 refrigerantes, a Pro Teste, Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, verificou que 7 têm benzeno, substância potencialmente cancerígena. O benzeno surge da reação de um conservante, o benzoato de sódio, com a vitamina C.


Os casos mais preocupantes foram o da Sukita Zero, que tinha 20 microgramas, e o da Fanta Light, com 7,5 microgramas. Os outros cinco produtos estavam abaixo desse limite. São eles: Dolly Guaraná, Dolly Guaraná Diet, Fanta Laranja, Sprite Zero e Sukita.


É difícil estudar a relação direta entre o benzeno e o câncer em humanos, mas já se sabe que a substância tem alto potencial carcinogênico e que, se consumida regularmente, pode favorecer tumores. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), não há limite seguro para ingestão dessa substância.


O fato de entrar em contato com o benzeno não significa necessariamente que a pessoa vá ter câncer, há organismos mais e menos suscetíveis. Porém, não somos um tubo de ensaio para saber se resistimos ou não, e não há limites seguros de tolerância. O ideal, então, é não consumir. O efeito do benzeno é lento, mas, quanto maior o tempo de exposição e a quantidade do composto, maior a probabilidade de desenvolver o tumor.


Excesso de peso e gordura abdominal


Um estudo publicado no Caderno de Saúde Pública em março de 2009, teve por objetivo identificar a prevalência e os fatores associados ao excesso de peso e da concentração de gordura abdominal em adultos na cidade de Salvador, Bahia, Brasil.

Identificou-se prevalência de 26,3% de sobrepeso nas mulheres e de 25% nos homens. Para obesidade, a prevalência foi, respectivamente, de 15,1% e 8,4% entre mulheres e homens. Totalizando 41,4% de excesso de peso entre as mulheres e de 33,4% entre os homens.

O excesso de gordura abdominal foi identificado em 35,7% das mulheres e em 12,9% dos homens, segundo o indicador circunferência da cintura.

É importante ressaltar que, independentemente do sexo, a simultaneidade da exposição ao excesso de peso e excesso de gordura abdominal, identificada na população investigada a coloca em condição de maior predisposição para as DCNT.

Prevalências mais elevadas da prática de tabagismo (38,2%) e do etilismo (80,4%) foram identificadas entre os homens. A ausência de atividade física ou a realização de atividade de intensidade leve no esporte e lazer foi referida por 65,5% das mulheres e por 41,8% dos homens.

Dentre as morbidades referidas pelos homens, destacaram-se as dislipidemias (45,2%) seguidas pelo infarto (36,5%) e pela obesidade (29,4%) e, para as mulheres, sobressaíram também as dislipidemias (48,9%), a obesidade (34,6%) e o infarto (29,7%). Os problemas de saúde de maior ocorrência referidos pelos homens e pelas mulheres foram as dislipidemias 19,6% e 19,4% e, a hipertensão arterial 16,3% e 22,2%, respectivamente.

Identificou-se ainda que 37,6% das mulheres e 27,3% dos homens já tinham adotado algum tipo de dieta; 47,2% das mulheres e 42,3% dos homens realizavam três ou menos refeições por dia.

Segundo o sexo, os resultados deste estudo indicam que a prevalência de excesso de peso e da gordura abdominal se torna crescente com o aumento da idade da mulher. O aumento da prevalência do excesso de peso para os homens não apresenta tendência crescente à proporção que aumenta a idade.

A redução do número de refeições ingeridas ao dia foi outro fator que se mostrou inicialmente associado ao excesso de peso quanto a gordura, para homens e mulheres investigados, e no modelo final mantém significância apenas para gordura abdominal entre os homens.

Foi observada associação entre fazer dieta para perda ponderal e o excesso de peso e de gordura abdominal entre as mulheres. Esta condição leva a pensar que, uma vez diagnosticado o excesso de peso ou da gordura abdominal, o indivíduo pode ter iniciado medidas de restrição alimentar para o controle destes eventos.

O uso de bebida alcoólica se mostrou associado com o aumento da concentração de gordura
abdominal somente para os homens e a história familiar de obesidade com o aumento de peso somente entre as mulheres.

A história familiar de infarto agudo do miocárdio associou-se tanto com o excesso de peso quanto com o de gordura abdominal, especificamente para os homens. A associação observada entre hipertensão e o excesso de gordura abdominal para o sexo masculino confirma uma relação já evidenciada.

Ser mulato ou negro é um fator de proteção para o acúmulo de gordura abdominal.

Embora a influência genética seja reconhecida como fator de risco para a obesidade, particularmente a obesidade abdominal, os fatores de meio ambiente e do estilo de vida são os mais expressivos fatores de risco para a ocorrência de sobrepeso e da obesidade em todo o mundo. As medidas de controle e prevenção de riscos modificáveis para a população estudada estão situadas na esfera da adoção de estilo de vida e da alimentação saudável.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Hábitos saudáveis de alimentação

Um estudo publicado no periódico Caderno de Saúde Pública de abril de 2009, sob o título "Frequência de hábitos saudáveis de alimentação medidos a partir dos 10 passos da alimentação saudável do Ministério da Saúde", teve o objetivo de medir a frequência dos 10 Passos para a Alimentação Saudável na população adulta de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, além de avaliar a influência de variáveis demográficas e socioeconômicas na execução dos mesmos.

O desfecho avaliado foi o hábito alimentar de adultos utilizando-se como referência os 10 Passos para Alimentação Saudável propostos pelo Ministério da Saúde Brasileiro, que incluem:

Passo 1 - Aumente e varie o consumo de frutas, legumes e verduras. Coma-os cinco vezes por dia;

Passo 2 - Coma feijão pelo menos uma vez por dia, no mínimo quatro vezes por semana;

Passo 3 - Reduza o consumo de alimentos gordurosos, como carnes com gordura aparente, salsicha, mortadela, frituras e salgadinhos, para no máximo uma vez por semana;

Passo 4 - Reduza o consumo de sal. Tire o saleiro da mesa;

Passo 5 - Faça pelo menos três refeições e um lanche por dia. Não pule as refeições;

Passo 6 - Reduza o consumo de doces, bolos, biscoitos e outros alimentos ricos em açúcar para no máximo duas vezes por semana;

Passo 7 - Reduza o consumo de álcool e refrigerantes. Evite o consumo diário;

Passo 8 - Aprecie sua refeição. Coma devagar;

Passo 9 - Mantenha seu peso dentro dos limites saudáveis - veja no serviço de saúde se seu IMC (índice de massa corporal) está entre 18,5 e 24,9Kg/m²;

Passo 10 - Seja ativo. Acumule trinta minutos de atividade física todos os dias. Caminhe pelo seu bairro. Suba escadas. Não passe muitas horas assistindo TV.

A amostra do estudo foi bastante significativa, totalizando 3136 indivíduos, sendo 56,1% do sexo feminino.

Somente 1,1% da população estudada seguia todos os passos de uma alimentação saudável.

Pouco mais da metade (57,5%) consumia frutas, verduras e legumes diariamente. Esta frequência é considerada baixa, já que esses alimentos protegem contra cânceres, doenças isquêmicas e do coração, diabetes e obesidade.

Houve boa adesão ao consumo de feijão (71,1%) por pelo menos quatro vezes por semana, embora outros estudos relatem abandono desse tradicional e saudável hábito alimentar da população brasileira.

Menos da metade dos indivíduos relatou consumir alimentos gordurosos no máximo uma vez por semana. O elevado consumo de colesterol, lipídios e ácidos graxos saturados contribui para o aparecimento de dislipidemias, obesidade, diabetes e hipertensão. Esse achado é compatível com a transição nutricional ocorrida no país, onde o consumo de lipídios ultrapassa o recomendado.

A maior adesão foi a não adição de sal nos alimentos já prontos (87,2%). Os principais fatores nutricionais associados com a alta prevalência de hipertensão arterial são o consumo de álcool, sódio e o excesso de peso, sendo um dos principais o consumo excessivo de sódio.

A recomendação de três refeições diárias e um lanche era seguida por cerca de metade dos adultos. O fracionamento das refeições é muito relacionado com alimentação saudável.

O consumo de doces, bolos, biscoitos e outros alimentos ricos em açúcar mais que duas vezes por semana foi relatado por 41% dos adultos.

Somente 20,3% dos entrevistados consumiam diariamente álcool e refrigerantes.

O passo 8 (coma devagar) teve 52,9% de adesão. A definição de velocidade de realização das refeições ficou a critério do entrevistado.

Menos da metade aderiu ao passo de manter o peso dentro dos limites saudáveis. Grande percentual dos indivíduos estava com excesso de peso (51,4%) e um percentual considerável apresentava obesidade (15,4%). Os dois principais fatores relacionados com a elevação das prevalências de obesidade são mudanças no consumo alimentar e redução da atividade física.

O passo de acumular trinta minutos de atividade física foi o que teve menor adesão. A prática de atividade física regular é um dos principais componentes na prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis.

A adesão a maioria dos passos foi mais frequente em mulheres, que aderiram mais aos passos 1,3,4,5,7,8 e 9. Os indivíduos mais velhos e com menor escolaridade também tiveram mais adesão.

A frequência de hábitos saudáveis de alimentação encontrada nesta população foi baixa. Esses resultados são consistentes com o aumento da prevalência de excesso de peso na cidade e no país.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Síndrome metabólica em adolescentes


Um estudo publicado no periódico Jornal de Pediatria Vol.85 N°1 de 2009, sob o título "Fatores de risco cardiovasculares, suas associações e presença de síndrome metabólica em adolescentes", teve por objetivo determinar a presença e associação de fatores de risco cardiovasculares como preditores da síndrome metabólica em adolescentes brasileiros.

Foram avaliados 380 adolescentes na faixa etária de 10 a 14 anos de ambos os sexos.

A ateromatose é encontrada na camada íntima da aorta de crianças quando estas apresentam níveis de colesterol entre 140 e 170mg/dl, e a concentração média de colesterol encontrada no estudo foi de 151+-28mg/dl. A concentração média de LDL-colesterol foi de 91+-25mg/dl e os níveis de HDL-colesterol foram de 45+-9mg/dl.

Níveis altos de triglicerídeos são um componente chave da SM, pois estão associados ao acúmulo de LDL e ao risco de desenvolver doença ateromatosa. A média deste estudo foi de 74+-31mg/dl.

A hiperglicemia foi de 0,6% entre os meninos e 0,5% entre as meninas. Essa incidência aumentou surpreendentemente.

A hipertensão é um problema mais complexo em crianças por causa de seu crescimento e desenvolvimento, pois a pressão aumenta durante o crescimento e maturação. A prevalência de níveis de pressão sistólica e diastólica indesejáveis foi de 6,6% entre os percentis 90 e 95 (limítrofe) e 3,4% acima do percentil 95 (hipertensão).

A prevalência de sobrepeso foi de 8,4% e de obesidade foi de 5,5%. A obesidade é o problema de saúde mais comum na infância e é associado a hipertensão, diabetes melito e dislipidemia. É a causa mais comum de resistência insulínica.

O início da SM pode ocorrer nas fases bem iniciais da vida, e essa doença tem efeito desfavorável sobre a mortalidade cardiovascular.

Não existe consenso sobre o diagnóstico da SM em crianças e adolescentes. Nos adolescentes deste estudo, a prevalência total de SM foi de 1,32%.

A prevalência de SM e fatores de risco associados foi geralmente mais baixa do que a encontrada na literatura, talvez porque nossa população de estudo tenha origem em classes econômicas menos privilegiadas, o que pode indicar difícil acesso a agentes que acionam fatores de risco.

A prevalência alta de adolescentes com sobrepeso pode aumentar as taxas de SM. O estudo contribui para identificar fatores de risco de SM em um grupo que não apresenta fatores de risco previamente conhecidos (i.e., obesidade, hipertensão, dislipidemia).

Os dados deste estudo chamam a atenção para a severidade deste problema e a necessidade de atenção aos indivíduos nesta faixa etária, para evitar o desenvolvimento de fatores de risco isolado ou associados para doença cardiovascular. Deve ser feito um diagnóstico precoce, para corrigir problemas e contribuir para reduzir a ocorrência de doenças cardiovasculares posteriormente.

Gorduras Trans

Um estudo publicado no periódico Ciência e Tecnologia dos Alimentos nos meses de janeiro-março de 2009, sob o título "Avaliação do consumo e análise da rotulagem nutricional de alimentos com alto teor de ácidos graxos trans", buscou estimar a quantidade de ácidos graxos trans ingerida provenientes de alimentos que contém altos teores de ácidos graxos trans, verificando se há possibilidade de ultrapassar a recomendação da WHO referente a esses lipídios.

Foi observado que a maioria dos produtos analisados (55,3%) ainda n
ão se adequou à norma prevista pela legislação RDC 360/03, principalmente pela ausência da medida caseira da porção informada e o teor de ácidos graxos trans.

A principal fonte de gordura trans foram os biscoitos recheados e alguns produtos provenientes
das redes fast-food (hambúrguer, batata-frita, milk-shake, sorvetes).

Aplicando um Questionário de Frequência Alimentar (QFA) verificou-se que o consumo de biscoitos "Cream Cracker" é bastante difundido entre a população adulta e infantil e dos biscoitos recheados somente entre a população infantil. Elevado consumo semanal de produtos provenientes das redes fast-food também é encontrado em ambas as populações.

A ingestão diária de ácidos graxos trans supera facilmente a recomendação diária da OMS (2003). Nos adultos, o valor encontrado no estudo foi de 11,8g/dia, sendo que o recomendado é não ultrapassar 2,0g/dia. Já entre as crianças o valor encontrado foi de 10,0g/dia, sendo que o recomendado é não ultrapassar 0,8 a 1,85g/dia. Esse dado é preocupante na medida que outros alimentos não pesquisados neste trabalho contém ácidos graxos trans e pela associação deste tipo de ácido graxo com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Por fim, conclui-se que os órgãos de fiscalização devem ter uma atuação mais ativa, punindo as empresas que ainda não se adequaram à RDC 360/03. É necessária a determinação dos teores de ácidos graxos trans nos produtos para verificar a veracidade das informações contidas nos rótulos.