sábado, 16 de janeiro de 2010

Estudo revela carências e excessos de nutrientes na alimentação de crianças em fase pré-escolar


Recentemente divulgados, os resultados do Estudo Nutri-Brasil Infância revelam carências e excessos de nutrientes na população infantil brasileira. O estudo, fruto da parceria entre 12 instituições de ensino e pesquisa do país, a Danone Research e coordenada pelo pediatra e nutrólogo dr. Mauro Fisberg, professor-associado do Departamento de Pediatria da Unifesp e coordenador da Força-tarefa do Estilo de Vida Saudável da ILSI Brasil, avaliou 3.111 crianças em fase pré-escolar (2 a 6 anos) durante oito meses, em escolas e creches das redes públicas e privadas.


Foi identificado um perfil semelhante nos nove estados pesquisados (Amazonas, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Distrito Federal, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul): falta de cálcio e dieta rica em carboidratos e proteínas, mas muito pobre em frutas, verduras e legumes, entre outros problemas nutricionais.


“Dos resultados, o que é urgente e que está preocupando mais as organizações tanto governamentais como não-governamentais é a necessidade do aumento de alimentos específicos – frutas, verduras, legumes e derivados lácteos, que são essenciais. Mas é uma mudança que deve acontecer desde a educação familiar até o currículo escolar”, afirma o dr. Fisberg.


O Nutri-Brasil Infância constatou que 57% das crianças de 4 a 6 anos não ingerem a quantidade diária recomendada de cálcio, mineral fundamental na infância, justamente na época em que ocorrem as grandes mudanças físicas do indivíduo - crescimento ósseo longitudinal e modificações no tamanho e no formato do esqueleto.


Outro ponto destacado pelo dr. Fisberg foi o elevado consumo de colesterol e gordura trans em casa, local em que as refeições têm uma quantidade de fibras, vitaminas A, C, K, folato, ferro, cobre e magnésio ainda menor que nas escolas. “Percebemos que muitos comem a mesma quantidade em casa, mas num espaço de tempo menor. Já na escola, a alimentação é avaliada, medida e tem algum tipo de orientação”, explica o dr. Fisberg.


O Estudo Nutri-Brasil Infância mostra ainda que as crianças brasileiras estão consumindo três vezes mais a quantidade de sódio diária recomendada, o que, futuramente, pode levar a distúrbios cardiovasculares, como hipertensão. De acordo com o dr. Fisberg, esse resultado se deve principalmente à tendência brasileira de preparar os alimentos básicos, como arroz e feijão, com uma enorme quantidade de sal, além de adicioná-lo também aos alimentos depois de prontos.


Do ponto de vista da avaliação antropométrica, observou-se o excesso de peso em 27,4% das crianças menores de 5 anos. Os índices maiores foram encontrados nas escolas privadas, onde a taxa alcança 33,6%, enquanto nas públicas é de 25,8%.


A baixa estatura para a idade, encontrada em 5% das crianças, também chamou a atenção dos especialistas. Os piores números apareceram nas creches públicas, onde o índice de estatura abaixo de dois desvios padrão da curva da Organização Mundial de Saúde chega a 6,25%, enquanto nas privadas é de 3,83%.


“A alimentação nessa fase é essencial porque cria o hábito. E nesse período, podem surgir as doenças crônicas, como anemia ou fome oculta, além de sobrepeso e obesidade, que podem levar, no futuro, ao desenvolvimento de doenças.”

Fonte: Nutritotal

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Lanche das crianças


Quando se aproxima a hora do recreio é difícil conter os alunos na sala de aula. Além de uma pausa para se distrair, as crianças esperam ansiosas o momento em que poderão provar as delícias da cantina ou as preparadas em casa. Enquanto alguns pais fazem questão de rechear a lancheira dos filhos, outros não têm tempo para organizar a rotina alimentar das crianças e apostam no bom senso dos pequenos para fazer as escolhas corretas na escola. Desde 2002, quando entrou em vigor a lei 6.848 - a lei das cantinas - os responsáveis puderam respirar mais aliviados, pois foram determinadas regras rígidas sobre o tipo de alimento que pode ser vendido nas lanchonetes.


A regra é não servir salgados fritos, gordurosos, refrigerantes e outras guloseimas classificadas como prejudiciais à saúde. Infelizmente, a lei não vem sendo totalmente cumprida e, muitas vezes, a pedido dos próprios alunos. Em uma escola particular da Asa Sul, pais e filhos fizeram reivindicações depois que a equipe de nutrição proibiu a venda de alguns alimentos. "Eles nos pediram para servir refrigerante e mais algumas coisas. Não liberamos tudo, mas a bebida industrial não teve jeito de barrar", lamenta Luiza Zanatta, nutricionista do colégio.


Pelo fato das novas regras terem sido implantadas há pouco tempo, em algumas instituições, o lanche saudável encontra resistência para se firmar e os profissionais responsáveis por conduzir o processo enfrentam dificuldades para reeducar os hábitos alimentares de crianças e jovens. Há dois anos trabalhando na mesma escola da colega Luiza, Sabrina Lima conta que foi complicado vetar os produtos favoritos dos estudantes. "Eles gostam de frituras, doces, refrigerantes. Quando chegamos aqui, a alimentação era muito diferente do que é hoje", compara.


Durante o recreio é mais fácil ver meninas e meninos comendo salgadinhos. Algumas optam pelo suco, mas normalmente não dispensam o salgado. É o caso da pequena Ana Luiza dos Santos, 8. Diariamente, ela recebe R$ 5 para comprar algo na cantina. "Acho mais gostoso e posso comprar o que quiser. Geralmente é um salgado assado e um suco, porque minha mãe briga se eu comprar refrigerante e muito chocolate", conta.


Mas nem todos os pais conseguem influenciar as escolhas dos filhos. Para certificar-se de que as crianças vão se alimentar de maneira correta, preparar o lanche ainda é a melhor escolha. Apesar de ser recomendada, a medida requer alguns cuidados para não se transformar em uma alternativa perigosa. "É preciso manipular os alimentos com mãos limpas e em lugares próprios. Se o alimento ficar exposto a forte calor pode causar uma infecção", observa. Os sucos naturais, por exemplo, podem perder os nutrientes em duas horas.

De olho nas recomendações, a analista de recursos humanos Lorena Barros não abre mão de cuidar da alimentação dos filhos, Luiz Fernando, 4, e Isabela, 3. "Prefiro mandar os lanches porque sei como vão se alimentar. Na escola, a gente não sabe o que a cantina tem para oferecer e não dá para controlar o que eles compram." Para os pais e mães como Lorena, os médicos aconselham a escolha de frutas que possam ficar fora da geladeira, como goiaba, maça ou pêra.


Os pais também precisam ficar atentos às necessidades calóricas de cada idade. De 7 a dez anos, por exemplo, as crianças precisam de nutrientes que estimulem o crescimento e o desenvolvimento. Já os adolescentes, que passam por transformações físicas e hormonais, devem fazer refeições ricas em cálcio, magnésio e fósforo, que contribuem com o processo de mineralização dos ossos.


Comer, comer

A pedido do Volta às Aulas, a nutricionista Marcela Gomes elaborou um cardápio semanal para estudantes de diferentes idades. Segundo ela, os lanches devem ser acondicionados em recipientes verdadeiramente térmicos e é preciso muito cuidado ao enviar alimentos perecíveis como queijo, leite e iogurte, uma vez que eles estragam mais facilmente em temperatura ambiente. Oferecer diariamente frutas para criar o hábito de consumir alimentos saudáveis é outra recomendação. Confira as sugestões.

2ª feira
iogurte
1 bisnaguinha com requeijão
1 maça

3ª feira
1 caixinha de suco concentrado
1 sanduíche (2 fatias de pão de forma) com queijo branco
1 pêra

4ª feira
1 garrafinha de leite fermentado
1 minibolo
1 goiaba

5ª feira
1 caixinha de suco concentrado
3 bolachas sem recheio
1 queijo processado

6ª feira
1 caixinha de achocolatado
1 bisnaguinha com peito de peru
1 banana

8 - 9 anos

2ª feira
1 iogurte
1 pedaço de bolo de cenoura
1 pêra

3ª feira
1 caixinha de suco concentrado
1 sanduíche (2 fatias de pão de forma) com queijo branco
1 tangerina

4ª feira
1 garrafinha de leite fermentado
2 bisnaguinhas com geléia
1 banana

5ª feira
1 caixinha de suco concentrado
6 bolachas sem recheio
1 queijo processado

6ª feira
1 caixinha de achocolatado
4 mini-pães de queijo
1 goiaba

A partir de 15 anos

2ª feira
1 iogurte
1 pedaço de torta salgada
1 maça

3ª feira
1 caixinha de suco concentrado
1 sanduíche (2 fatias de pão de forma) com queijo branco
1 banana

4ª feira
1 garrafinha de leite fermentado
1 rosca de coco
1 pera

5ª feira
1 caixinha de suco concentrado
1 bisnaguinha com pasta de ricota
1 ameixa

6ª feira
1 caixinha de achocolatado
6 mini-pães de queijo
1 goiaba


Fonte: CFN