sexta-feira, 24 de abril de 2009

Triagem do estado nutricional é fundamental em pacientes com câncer


A perda de peso (PP) e o aumento do risco nutricional (RN) são frequentes nos pacientes oncológicos, principalmente em certos tipos de câncer.


Discutiu-se o impacto que a desnutrição exerce sobre os pacientes oncológicos, e surgiu a idéia de se criar um protocolo para a avaliação do estado nutricional destes pacientes, com os seguintes objetivos: definir prevalência, índice de desnutrição e RN para a realização de uma intervenção nutricional; e também investigar a relação entre paciente e tumor com a PP e os RNs.


O estudo envolveu mil pacientes oncológicos que se apresentaram nos ambulatórios de diferentes hospitais, universidades ou instituições científicas para receber o diagnóstico, terapia ou continuidade de tratamento.


O protocolo foi lançado de 2004 até 2007 e consistia na coleta dos seguintes dados dos pacientes: idade, gênero, história e tipo do tumor, tipo de tratamento e dados nutricionais (porcentagem de PP e índice de massa corporal - IMC). Os sintomas eram classificados como fadiga, anorexia, náusea/vômito, saciedade precoce, disgeusia/disosmia, odinofagia/disfagia e diarréia/constipação. Por fim, os riscos de complicações relativas à desnutrição eram avaliados através do sistema de triagem de risco nutricional (Nutritional Risc Screening), aprovado pela Sociedade Européia de Nutrição Parenteral e Enteral (European Society for Parenteral and Enteral Nutrition – ESPEN).


O protocolo funcionava da seguinte maneira: se, inicialmente, o paciente apresentasse um IMC <>2, PP nos últimos 3 meses, diminuição da ingestão alimentar na última semana ou se estivessem gravemente doentes, o mesmo passava para a triagem de RN, onde os sintomas descritos anteriormente eram quantificados.


Ao final do processo, o paciente recebia uma nota final que variou de 0 a 7, onde 0 = sem risco; 1-2 = risco baixo; 3-4 = risco médio e > 5 = risco alto. Para os pacientes com mais de 70 anos, um ponto extra era adicionado ao final da soma. “Para uma pontuação ≥ 3 já vale a pena requerer uma avaliação nutricional mais profunda, para a realização de uma melhor intervenção nutricional”, dizem os autores.


Os pacientes avaliados possuíam tumores sólidos e tinham em média 64 anos, sendo a proporção de mulheres oito vezes maior que a de homens. A média de IMC encontrada foi igual a 23,3 Kg/m2. Uma perda significativa de peso (≥ 10 %) e um RN com pontuação ≥ 3 foram observados em 39,7 % e 33,8 % dos pacientes, respectivamente.


A PP foi maior nos pacientes que possuíam tumores em estágios mais avançados na região do trato gastrointestinal alto. Já os maiores RNs foram encontrados nos pacientes com câncer esofágico e pancreático. A anorexia apresentou relação direta com a PP, embora pacientes com perdas inferiores a 10% do peso corporal não fossem anoréticos. “A frequência de respostas positivas para as perguntas referentes ao estado nutricional (IMC <>2, perda de peso nos últimos 3 meses e redução da ingestão dietética na última semana) constaram em 34%, 90% e 60%, respectivamente. Isto vale como um alerta aos profissionais de saúde que atuam nessa área para não somente anotar o peso atual dos pacientes, como também calcular a porcentagem de perda de peso dos mesmos, uma vez que se sabe que estes fatores são significantes na diminuição do prognóstico dos pacientes oncológicos”, observam os autores.


Os autores finalizam dizendo que “os oncologistas devem estar atentos sobre os efeitos adversos causados por uma má nutrição e sobre o importante papel que o suporte nutricional pode exercer nos estágios iniciais da doença”.

Fonte: Nutritotal

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Ingestão de líquidos e seu comportamento no organismo

A água é fundamental para o funcionamento do organismo. Ela faz parte da composição corpórea e está diretamente relacionada a funções essenciais, assim como transporte e absorção dos nutrientes pelo organismo, manutenção da temperatura do corpo, dentre outros. As recomendações nutricionais enfatizam a importância da ingestão hídrica de cerca de 2 litros por dia. Porém o consumo de outros tipos de bebidas, assim como as ricas em açúcar tem aumentado entre a população de forma geral. Qual o papel deste tipo de líquido no organismo?

Diversos estudos têm demonstrado que as bebidas que contém açúcar, ricas em frutose e até as que contêm álcool, possuem o metabolismo de absorção realizado de forma diferente quando comparado a ingestão de alimentos sólidos contendo esses componentes, principalmente em relação às calorias, sendo maior o fornecimento calórico nos líquidos. Estudo recente avaliou oito bebidas de alto consumo: leite, cerveja, vinho, chá, café, bebidas alcoólicas destiladas, sucos e refrigerantes. Os resultados do estudo evidenciam duas hipóteses: organismo humano possui a base fisiológica para a digestão e absorção de leite humano e água, sendo os demais líquidos relativamente novos ao organismo humano e a segunda hipótese se baseia no fato do carboidrato e do álcool que há nessas bebidas, resultarem em menor saciedade ao organismo, fazendo com que seu consumo seja maior.


Os dados evidenciam a importância no controle da ingestão de certos líquidos ricos em carboidratos e álcool, os quais muitas vezes fornecem poucos nutrientes e muitas calorias, sendo um dos aliados do aumento da obesidade.




Como exemplo pode-se citar a relação direta do aumento no consumo de refrigerantes entre as crianças e a alta incidência da obesidade infantil.



Fonte: Nutrição em Pauta


terça-feira, 21 de abril de 2009

O efeito das suas escolhas!!!


Gordura, proteína ou carboidrato: na hora de emagrecer, é melhor eliminar o quê? Tanto faz. Eis a resposta de um estudo da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, que comparou, durante dois anos, o desempenho dos nutrientes na batalha pela perda de peso de 811 gordinhos. No final das contas, independentemente do tipo de alimento mandado para escanteio, todos se livraram de 4 quilos. Ou seja, para afi nar a silhueta, basta restringir a quantidade calórica, não importa o item excluído.

Essa conclusão nos leva a duas interpretações. A primeira é que as dietas da moda que preconizam um nutriente em detrimento de outros não têm tanto fundamento. E a segunda brota na cabeça dos espertinhos: se o que vale é comer menos, vamos nos entregar ao fast food, só que em porções modestas.

Será que as escolhas do que comemos, desde que com igual valor calórico, não fazem diferença? Pode apostar que fazem. E o efeito, talvez não se sinta agora, mas lá na frente. “Qualquer dieta com baixa ingestão de calorias emagrece em curto prazo. O problema é que, se a alimentação não for saudável, o prejuízo vem depois”, afirma a nutricionista Ana Maria Pita Lottenberg, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Prejuízo inclusive em termos de emagrecimento.


No caso de quem luta contra o ponteiro da balança, a restrição calórica em si já traz benefícios. “Perder 10% do peso inicial diminui o risco cardiovascular”, diz a nutricionista Mariana Del Bosco, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. E isso nem significa fechar completamente a boca. Há uma fórmula usada pela Organização Mundial da Saúde que estima a quantidade de calorias necessárias a cada um diariamente. De acordo com ela, um homem sedentário de 40 anos e 90 quilos, por exemplo, deve se abastecer com até 2 300 calorias diárias.

Agora imagine que o nosso personagem está acima do peso. “Para emagrecer com segurança, recomenda-se cortar em média 500 calorias diárias, o que resultaria em cerca de meio quilo a menos por semana”, esclarece Mariana. Das refeições, o homem do nosso exemplo deveria retirar algo equivalente a um filé grelhado, um ovo frito, um copo de refrigerante e um bombom. Assim, ele se limitaria a 1 800 calorias. A questão é que o corpo dele — e o nosso — não depende apenas dos números. Não adianta preencher a cota diária só com pastéis naquela visita ao bar com os amigos. Você vai entender por que, desse jeito, ele se tornaria uma pessoa com apetite incontrolável.

Uma descoberta de cientistas da Universidade Estadual de Campinas, no interior de São Paulo, reforça a ideia de que, mesmo enxugando calorias, é preciso estar ciente da escolha dos nutrientes. Eles estudaram o impacto da gordura saturada das carnes vermelhas (e dos benditos pastéis) sobre o hipotálamo, área do cérebro que, entre tantas funções, controla a saciedade. E desvendaram um mecanismo capaz de explicar por que apostar nesse ácido graxo é um prato cheio para a obesidade. Eis a triste constatação: gordura chama gordura.

A dieta adequada é a que dispõe de 30% de gorduras em geral. “E a fatia das saturadas não deve ultrapassar 10% de todo o cardápio”, orienta a nutricionista Marciane Milanski, uma das cientistas envolvidas no estudo.

Pessoas que se empanturram de carnes, manteiga e frituras ou até mesmo aquelas que comem porções mais humildes, mas recheadas do tal ingrediente, acabam inevitavelmente extrapolando essa cota de 10%. E a sobrecarga não é inócua para o hipotálamo. “Em excesso, o nutriente dispara inflamações ali”, conta Marciane. “Quando fogem do controle, essas reações propiciam a morte de neurônios, prejudicando o controle sobre o apetite”, completa a bióloga Juliana Moraes, que também avalia o efeito das saturadas sobre a massa cinzenta. Aí não tem volta. O sujeito passa a conviver com uma fome difícil de ser aplacada.

Juliana fez um experimento para avaliar se apenas altas cargas de gordura saturada financiariam lesões na central do apetite. Ela submeteu dois grupos de ratos a refeições bem engorduradas. O primeiro apreciou porções razoáveis de comida, sem exagerar tanto. Já o segundo devorou um banquete pesado, sem limite de quantidade. “Mas quando analisamos o hipotálamo dos animais, notamos alterações em ambos os grupos”, revela. Ou seja, a quantidade não fez tanta diferença. É um indício de que seres humanos que priorizam dietas carregadas desse ácido graxo tendem a sofrer as consequências no futuro — e nem é necessário se esbaldar com um caminhão de gorduras. Basta cortar calorias e preferir alimentos gordurosos para aproveitar o que tem direito a comer.

Como a comunicação entre o hipotálamo e o resto do corpo fica comprometida, a vontade de comer de quem sofreu essas lesões não cessa. “Essa região do cérebro envia estímulos para a periferia, disparando, por exemplo, aquela salivação”, explica a biomédica Cássia Zaia, da Universidade Estadual de Londrina, no Paraná. Com água na boca, vai ser difícil resistir a mais um pedaço de picanha — ou seja lá o que for.

As pesquisadoras da Unicamp enfatizam em coro que, sem exageros, o organismo não se tornará refém dos malefícios da gordura. Aliás, ele até precisa delas para preservar a membrana das células. O que você não deve é conceder a qualquer nutriente exclusividade no cardápio. No máximo, papel de coadjuvante. Viver à base de proteína, por exemplo, até acelera a perda de peso nos primeiros meses. Mas e depois? “O abuso do nutriente está associado, a longo prazo, à sobrecarga dos rins”, adverte Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia.

A mesma mensagem é destinada aos fiéis seguidores do carboidrato. A pessoa com padrão formiga, que come muitos doces de olho apenas nas calorias, cai numa emboscada. Esse tipo de alimento, em exagero, destrambelha os mecanismos que regulam o hormônio insulina. “Passado um período, o indivíduo fica mais predisposto ao ganho de peso e, consequentemente, ao desenvolvimento do diabete tipo 2”, afirma o endocrinologista Marcio Mancini, médico responsável pelo Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Mais uma vez, a ordem é seguir a recomendação diária — no caso, apenas de 50 a 55% das calorias de suas refeições devem vir dos carboidratos. Nessa fração, não entram apenas pães, massas e doces, mas também frutas e verduras. E, vale frisar, a qualidade dos carboidratos eleitos para a sua dieta também pesa. A nutricionista Ana Maria Pita Lottenberg traça o seguinte raciocínio: “Imagine uma pessoa que come só 2 mil calorias diárias, mas seu cardápio é composto de exagerados 65% de carboidratos, e outra que, apesar de balancear os nutrientes conforme a pirâmide, exagera nas garfadas e consome 3 mil calorias. Quem sai prejudicado com o tempo? Os dois”. Isso porque tanto carboidrato demais — ainda que você não extrapole nas calorias — quanto o excesso de comida em geral, quando se obtém mais energia do que o corpo precisa para viver, levam o pâncreas a se matar de produzir insulina. Só esse quadro já pode acarretar numa fome danada. Sim, seu corpo entende a mensagem “preciso de mais insulina” como “preciso de comida”.

Já deu para perceber que os especialistas ouvidos por SAÚDE! não advogam a favor de uma dieta balanceada à toa. O sonho de emagrecer e manter o corpo em forma, que tanta gente compartilha, só se sustenta quando se respeitam as necessidades nutricionais. Restrição calórica, sim — mas sem perder de vista a pirâmide alimentar. Essa é a verdadeira fórmula para brecar um efeito dominó que culminaria num sem-fim de problemas — inclusive nos quilos a mais. Você decide o que vai no seu prato.

Fonte: Revista Saúde!