terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Adoçantes na gestação

Atualmente, mulheres de diversas idades tem o hábito de substituir o açúcar pelo adoçante. Durante a gestação, a escolha do adoçante deve ser feita de maneira cuidadosa, pois determinadas substâncias utilizadas em sua formulação podem ser prejudiciais neste período.

É essencial que a gestante receba orientação adequada do obstreta ou NUTRICIONISTA sobre a utilização dessas substâncias.


O que são os adoçantes?

São substitutos naturais ou artificiais do açúcar que conferem sabor doce com menor número de calorias por grama de um alimento. São compostos por substâncias edulcorantes, - que possuem a capacidade de adoçar muito em pequenas concentrações.


Adoçantes mais utilizados, seus possíveis riscos à gestante e o feto e quantidades recomendadas:

Sacarina

Apesar de cruzar a barreira placentária de forma limitada, estudos em ratos não demonstraram efeitos teratogênicos, ou seja, não são capazes de produzir danos ao feto ou embrião durante a gravidez.


Porém como existem ainda poucos estudos comprovando ou não os riscos da sacarina para fetos humanos, o uso deste adoçante deve ser evitado durante a gestação de forma preventiva. De qualquer forma, não há relatos da associação entre a exposição à sacarina durante a vida fetal e o surgimento de câncer, posteriormente.


Algumas evidências demonstram que a sacarina teria um efeito de aumento progressivo de sua concentração no leite humano, após ingestões repetidas dessa substância. Não existem recomendações oficiais quanto ao uso de sacarina durante a amamentação, porém, é prudente evitar seu uso.


A sacarina foi um dos edulcorantes que sofreu redução na recomendação de consumo pela ANVISA. Passou de 22 a 30 mg por 100ml de produto para 10 a 15mg por 100ml. O limite diário máximo recomendado é de 5mg por kilo de peso.


Ciclamato

Suspeita-se que o ciclamato possa causar efeitos citogenéticos (na constituição genética da célula) sobre linfócitos humanos. Porém, até hoje não existem relatos de malformações e problemas comportamentais nos fetos expostos ao ciclamato.


O ciclamato também teve suas quantidades ateradas pela ANVISA. Diminuiu de 97 a 130mg para 40 a 56mg por 100ml de produto. O limite diário máximo ficou em 11mg/kilo de peso.

Aspartame

Segundo estudos da atualidade, a ingestão de produtos que contenham aspartame durante a gestação é considerada segura, desde que não haja excesso no consumo. No entanto, poucos estudos têm avaliado este tema e a maioria dos profissionais da saúde opta por restringir o aspartame na gestação.


Após sua ingestão, o aspartame se decompõe no intestino em metanol, aspartato e fenilalanina, então inclusive durante a gravidez, indivíduos com fenilcetonúria devem evitar seu consumo.


Metanol e ácido aspártico não são considerados tóxicos para o feto, nas doses consumidas por humanos.


Para aspartame, os limites da ANVISA mantiveram-se os mesmos, de 56 a 75mg por 100ml de produto, e o limite diário máximo continua 40mg/kilo de peso.


Sucralose

Assim como o aspartame, a sucralose pode provocar crises de enxaqueca em pacientes propensos. A sucralose não apresenta riscos carcinogênicos, neurológicos ou reprodutivos para os seres humanos, segundo estudos recentes. Não existem dados disponíveis de recomendações para uso durante a gestação ou lactação.


Acessulfame-K

Segundo evidências recentes, o acessulfame-k não é considerado tóxico, carcinogênico ou mutagênico em ani mais. Não existem estudos controlados em humanos nem dados sobre o uso desse adoçante durante a lactação.


O limite de uso manteve-se inalterado segundo a ANVISA, de 26 a 35mg por 100ml. O limite diário recomendado é de 15mg por quilo de peso.

Estévia

Estudos em animais e humanos indicam que esse adoçante possui propriedades anti-hiperten sivas, reduz a glicemia pós-prandial de pacientes com diabetes tipo 2 e pode modificar o resultado de testes de tolerância à glicose, reduzindo significativamente os níveis de glicemia. Portanto, a estévia deve ser evitada antes da realização de exames de rastreamento ou diagnóstico de diabetes durante a gestação.


Em animais, não produziu efeitos adversos sobre a gestação. Não foi oficialmente classificado pela FDA quanto à possíveis riscos na gravidez, e também não existem dados disponíveis sobre seu uso durante a lactação.


Considerações sobre o uso de adoçante na gravidez

De uma forma geral, o uso de adoçantes durante a gestação deve ser reservado para pacientes que precisam controlar o seu ganho de peso e para diabéticas.


A melhor conduta durante esse período é evitar o uso dos adoçantes em produtos industrializados e evitar adicionar adoçante às bebidas, afinal como os estudos ainda são muito recentes e inconclusivos, sendo a prevenção ainda é a melhor opção. Se for necessário o uso de adoçantes, o ideal é seguir as recomendações de consumo.


A Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) divulgou recentememente algumas modificações e limitações no uso de edulcorantes para a população em geral, já que alguns estudos mostravam o efeito negativo de alguns tipos de adoçantes para a saúde. Para as gestantes as limitações são as mesmas.


Fonte: RG Nutri

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O mundo sem Trans

Desde que a ciência comprovou os riscos da gordura trans ao coração, seu império desmoronou, e a indústria entrou em uma corrida para podá-la dos produtos e encontrar um subtituto à altura.

Em busca de uma solução perfeita, pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo criaram um salgadinho que, em vez de trans, oferece um nutriente capaz de proteger o intestino.

O segredo é uma mudança no processo de aromatização, que dá cheiro e sabor ao produto, usando um composto não oleoso e rico em fibras, que de quebra substitui com sucesso a trans. O ingrediente é à base de inulina e oligofrutose, um tremendo prebiótico. Ou seja, estimula bactérias benéficas da flora intestinal.

O salgadinho apresenta as mesmas características dos similares encontrados no mercado. Talvez a única desvantagem seja o preço final, uma vez que as fibras são um pouco mais caras.

A gordura trans ainda está presente em metade dos produtos do mercado nacional.
Até o momento, o óleo de palma é o ingrediente que mais se destaca como substituto da trans. Mas ele tem um alto teor de gordura saturada, nutriente que também eleva o risco de doenças cardiovasculares.

Além de optar por matérias-primas mais saudáveis, há técnicas que espantam a trans, como a interesterificação. Trata-se de uma mistura entre uma gordura em estado sólido e um óleo líquido, cujo resultado é uma versão livre da substância.

Os cientistas ainda se debruçam sobre ingredientes inusitados, derivados de ácidos graxos benéficos, carboidratos e ate proteínas. A grande dificuldade é preservar a textura e o sabor das guloseimas. O futuro, ou melhor, o presente sem trans já é possível e ao menos o preço que o nosso corpo terá de pagar para desfrutar desses alimentos não será tão alto.

Fonte: Revista Saúde (novembro de 2009)

Ômega-3


Um time de especialistas franceses diz ter descoberto a quantidade ideal de ômega-3 para defender o peito.

Uma dose diária de 200 miligramas de DHA, um tipo de ácido graxo ômega-3 essencial para o bom funcionamento do cérebro, seria suficiente para afastar o fantasma de doenças cardiovasculares em homens saudáveis.

Até então as recomendações variavam demais: entre 250 e 700 miligramas.

Embora esse valor ainda não seja um consenso, é possível adotar o bom hábito de ingerir ômega-3 no dia a dia. Em torno de 40 gramas de sardinha ou 30 de truta contemplam a quantia amiga do coração.

Fonte: Revista Saúde (novembro de 2009)

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Consumo de frutas e hortaliças no Brasil

Em artigo publicado na Revista de Saúde Pública, objetivou estimar a frequência do consumo de frutas e hortaliças e os fatores associados.

Foram avaliados 54369 indivíduos com idade maior de 18 anos, residentes nas capitais brasileiras e no Distrito Federal.

Menos da metade dos indivíduos consumiu frutas (44,1%) ou hortaliças (43,8%) em cinco ou mais dias por semana, e menos de um quarto (23,9%) referiu o consumo regular de frutas e hortaliças em conjunto. O consumo adequado, ou seja, em cinco ou mais vezes por dia foi referido por 7,3% dos entrevistados.
O consumo regular de frutas e hortaliças variou bastante entre as regiões do País, sendo maior nas capitais da região Sul (36,5%) e menor nas capitais da região Norte (11,9%).

A frequência de consumo foi maior entre as mulheres (29,2% versus 17,8% nos homens), aumentou com a idade, e foi significativamente maior entre os indivíduos com idade maior ou igual a 65 anos em relação aos jovens com 18 a 24 anos. O aumento na frequência de consumo mostrou-se diretamente associado com a escolaridade.

Concluiu-se que são necessárias iniciativas de promoção do consumo de frutas e hortaliças no Brasil voltadas à população geral, visto que o consumo esteve aquém das recomendações atuais. Entretanto, deve ser dada atenção especial às cidades da Região Norte e Nordeste, aos indivíduos jovens, ao sexo masculino e aos estratos populacionais com baixa escolaridade.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Hormônios da saciedade


Um estudo realizado na Grécia sugere que comer uma refeição rapidamente corta a liberação de hormônios que induzem a sensação de saciedade, o que frequentemente pode levar a comer além do necessário. A associação entre comer apressadamente e ingerir alimentos demais já era conhecida, mas esse estudo inédito traz uma explicação provável para essa relação ao mostrar que a velocidade com que uma pessoa come pode impactar na liberação dos hormônios do intestino que avisam ao cérebro que chegou a hora de parar de comer.

No estudo, os voluntários tomaram 300ml de sorvete a diferentes velocidades. Os cientistas retiraram amostras de sangue dos participantes antes e depois da refeição e descobriram que os que demoraram 30 minutos para tomar o sorvete inteiro tinham concentrações mais altas dos hormônios PYY e GLP-1 e tendiam a sentir-se mais satisfeitos do que os que acabaram antes.

Fonte: Gazeta do Sul, Viver Bem, 23 de novembro de 2009

Boas novas para os diabéticos


A culinária mediterrânea é considerada uma das mais saudáveis e tem em seus pratos grãos integrais, hortaliças, azeite, noz, peixes, frutos do mar. Pois os amantes dessa dieta tem mais um motivo para apreciá-la. De acordo com pesquisa financiada pela Segunda Universidade de Nápoles, na Itália, ela reduz a probabilidade de que recém-diagnosticados com diabetes tipo 2 precisem de tratamento à base de remédios.

Dario Giugliano e seus colegas conduziram um estudo entre janeiro de 2004 e setembro de 2008 na Clínica de Diabetes da universidade italiana. Acompanharam 215 pessoas com sobrepeso (IMC maior que 25) entre 30 e 75 anos. Todos haviam descoberto a doença recentemente, nunca tinham recebido remédios anti-hiperglicêmicos e apresentavam níveis de hemoglobina A1c (HbA1c) inferiores a 11%.

Metade dos participantes aderiu à dieta mediterrânea. O outro grupo adotou uma alimentação de baixo teor de gordura. Em ambos os casos, as mulheres estavam restritas a 1,5 mil calorias por dia, enquanto os homens podiam alcançar 1,8 mil. Todos contaram com conselhos de nutricionistas e tinham de registrar diariamente o que ingeriam.

Segundo o relatório publicado no Annals of Internal Medicine, apenas 44% dos diabéticos que provaram as iguarias mediterrâneas precisaram do auxílio medicamentoso, contra 70% dos que fizeram refeições de baixo teor de gordura. Outras vantagens da dieta mediterrânea em comparação à outra foram maior perda de peso e melhor controle de açúcar no sangue e de risco coronariano.

Apesar desse efeito benéfico, a Associação Americana de Diabetes recomenda que os pacientes recém-diagnosticados com diabetes tipo 2 sejam tratados com a farmacoterapia, bem como com mudanças de estilo de vida.

Fonte: Gazeta do Sul, Viver Bem, 23 de novembro de 2009

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Publicidade de alimentos


As crianças menores de seis anos não conseguem diferenciar conteúdo publicitário na televisão da programação de entretenimento a que assistem. Assim, essa parcela da população está mais propensa a consumir produtos anunciados, que, na muitas vezes, são ALIMENTOS não saudáveis.


As observações foram feitas pela pesquisadora do Centro de Pesquisa em ALIMENTAÇÃONUTRIÇÃO da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília ( UNB), Renata Fagundes, que participou, nesta quinta-feira (19), de audiência pública promovida pelas comissões de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e de Assuntos Sociais (CAS).


Renata Fagundes informou que, de acordo com estudo realizado pelo centro de pesquisa de 2006 a 2008, quase 70% das peças publicitárias veiculadas em canais de televisão abertos e pagos são direcionadas ao público infantil. A pesquisa também mostrou que 96,7% da propaganda de comida divulgam ALIMENTOS não saudáveis.


A pesquisadora disse que as estratégias de marketing utilizam apelos emocionais - como brindes lúdicos, círculo de amizades e lazer - para aumentar o consumo de ALIMENTOS com alto teor de gordura, açúcar ou sal. Em algumas estratégias, destacou, o consumo do produto é estimulado pela oferta de brindes colecionáveis.


- A criança não começa a consumir o produto pelo produto em si, mas pela estratégia de marketing em que ele é veiculado. E a grande maioria é de produtos não saudáveis - ressaltou.

Abuso

Na avaliação da coordenadora do Projeto Criança e Consumo do Instituto Alana, Isabella Vieira Machado Henriques, a publicidade direcionada ao público menor de 12 anos é abusiva, uma vez que explora a vulnerabilidade infantil. Ela informou que, em alguns países, a veiculação de ALIMENTOS relacionados como causadores de doenças como OBESIDADE e diabetes é controlada. Na Inglaterra, por exemplo, é proibida qualquer propaganda de ALIMENTOS com alto teor de gordura, açúcar ou sal, destinada ao público menor de 16 anos. Já na Noruega é proibida qualquer publicidade desses produtos.


Isabella Henriques informou que 30% das crianças brasileiras estão com sobrepeso e 15% são obesas. Em sua opinião, o número de obesos no país poderia diminuir de 15% a 30% caso a publicidade desses ALIMENTOS não saudáveis fosse banida da televisão. Ela destacou que o Brasil superou em grande parte o problema da desnutrição infantil e, atualmente, enfrenta a OBESIDADE, que causa outras doenças graves.

Fonte: CFN

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Chá verde nas dislipidemias


Em artigo publicado no periódico Arquivos Brasileiros de Cardiologia, em agosto de 2009, objetivou-se investigar os efeitos do chá verde (Camellia sinensis) em pacientes portadores de dislipidemias.

Nos últimos anos, uma crescente atenção tem sido dada ao uso do chá verde na promoção da saúde humana. A redução nas concentrações sanguíneas do colesterol total e do LDL-colesterol, por meio do consumo desse chá, tem sido repetidamente demonstrada em diversos estudos. Alguns estudos postularam que os flavonóides do chá verde (catequinas), em especial a epigalocatequina gallate (EGCG), devido à sua alta concentração de polifenóis antioxidantes, possa ser responsável pela ação benéfica do chá. Acredita-se ainda que os flavonóides do chá sejam efetivos antioxidantes e possam proteger o organismo contra diversas doenças crônicas, principalmente as doenças cardiovasculares.

No estudo não foi possível introduzir o chá na forma de bebida, sendo assim foi administrado em forma de cápsula, o equivalente a quatro xícaras de chá (150ml) por dia. Também foi realizada uma dieta com ingestão menor que 35% do total de Kcal na forma de lipídios totais, com menos de 7% de gordura saturada, quantidade igual ou inferior a 10% de gordura poli-insaturada e até 20% de gordura monoinsaturada. A recomendação de colesterol foi de menos de 200mg/dia.

Neste estudo, após as intervenções, as variações lipídicas médias provocadas pelo uso do chá verde (Camellia sinensis) sofreram uma redução de 3,9 % nas concentrações de colesterol total e uma redução de 4,5 % do LDL - colesterol. Essa quantidade de chá verde ingerida não influenciou significativamente os níveis de HDL-c, dos triglicerídeos e da Apo-B.

Outro benefício atribuído ao consumo do chá verde foi identificado em relação aos parâmetros antropométricos: observou-se perda de peso de 1,7 % e diminuição do IMC de 1,7 % .No grupo placebo, a variação foi significativa mas de menor intensidade, a perda de peso foi de 1,1% e o IMC teve uma redução de 1,1%.

As modificações alimentares, obtidas através da dieta, tiveram influência sobre o consumo de gorduras, principalmente na redução dos ácidos graxos saturados. Houve uma diminuição bastante significativa da ingestão do valor calórico total, a diminuição do consumo de gorduras totais, de gorduras saturadas e do colesterol e o aumento do consumo de fibras. Foi evidenciado também um aumento no consumo de proteínas.

Esses achados mostram os benefícios do chá verde (Camellia sinensis), em concordância com estudos prévios da literatura, mas revelam também que ainda são necessárias novas investigações, com maior número de pacientes e períodos de observação mais longos, para validar as observações iniciais feita neste estudo.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Tratamento nutricional em pacientes com insuficiência cardíaca


O seguinte artigo foi publicado na Revista de Nutrição nos meses de maio e junho de 2009. O título consta acima e a seguir um resumo deste artigo:

A IC é um problema grave e crescente de saúde pública em todo o mundo, sendo a via final comum da maioria das cardiopatias. Aproximadamente 23 milhões de pessoas são portadores dessa doença e dois milhões de novos casos são diagnosticados a cada ano. Pode-se estimar que até 6,4 milhões de brasileiros sofram dessa síndrome.

A evolução clínica dos pacientes com IC, via de regra, caminha para quadros variáveis de desnutrição. Esta pode ocorrer devido à ingestão inadequada, ao metabolismo alterado, ao estado pró-inflamatório, ao aumento do estresse oxidativo e à maior perda de nutrientes, até mesmo pelas interações medicamentosas. A anorexia é conseqüência da redução da ingestão de nutrientes ou da associação das alterações absortivas e metabólicas.

A presença da desnutrição constitui importante fator preditivo de redução de sobrevida nos pacientes com IC.

Em um estudo foram estabelecidas recomendações energéticas para pacientes com IC clinicamente estáveis. Estas são de 28kcal/kg para pacientes com estado nutricional adequado e 32kcal/kg para pacientes nutricionalmente depletados. Para este cálculo deve-se levar em consideração o peso do paciente na ausência de retenção hídrica.

Os carboidratos devem representar em torno de 50 a 60% do valor energético da dieta, evitando-se os carboidratos simples e dando preferência aos carboidratos de baixa carga glicêmica. O excesso de carboidratos, especialmente os de alta carga glicêmica, pode agravar o quadro de resistência à insulina, comumente percebido em pacientes com insuficiência cardíaca, o que representa mau prognóstico para estes. A insulina é um hormônio natriurético e a resistência a ela pode agravar a retenção de sódio e água.

A recomendação diária de fibra de 20 a 30g previne a obstipação intestinal e o conseqüente esforço para evacuar.

Estudos mais recentes indicam necessidades protéicas de 1,1g/kg/dia para pacientes com estado nutricional adequado e de 1,5g/kg/dia a 2,0g/kg/dia para os com depleção nutricional ou que apresentem perdas por nefropatia ou má absorção intestinal.

Os lipídios complementam o valor energético total da dieta, não excedendo 30% deste. Deve-se evitar o consumo de alimentos contendo gordura trans, reduzir a ingestão de gordura saturada e dar preferência às gorduras mono e polinsaturadas, com ênfase aos ácidos graxos da série ômega 3, que apresentam efeitos positivos em pacientes com insuficiência cardíaca sintomáticos.

A má absorção de gordura ocorre em cerca de 1/3 dos pacientes com caquexia cardíaca e, na ocorrência de esteatorréia, indica-se a suplementação de triglicerídeos de cadeia média.

No paciente com insuficiência cardíaca severa, a ingestão de sódio deve ser, no máximo, de 2-3g/dia, podendo ser modificada de acordo com o sódio plasmático e a tolerância à dieta hipossódica. Além do controle do sal adicionado às preparações, deve-se orientar o paciente quanto aos alimentos com alto teor de sódio.

O grande problema da dieta hipossódica é a baixa adesão, devido à palatabilidade dos alimentos. É necessário fornecer orientações e receitas com temperos e ervas naturais para serem usados nas preparações, pois somente com a educação nutricional a adesão à restrição sódica irá acontecer de maneira efetiva e eficaz.

Na prática diária, a quantidade de água máxima é de 2,0L/dia é recomendada. No entanto, em pacientes com estado congestivo, a ingestão hídrica pode ser menor, devendo ser restringida de acordo com a superfície corporal.

Pacientes com IC devem ser orientados no sentido de minimizar a ingestão de bebidas alcoólicas.

É importante oferecer uma dieta com volume reduzido e fracionamento aumentado (6 a 8 refeições/dia).

As necessidades de vitaminas e minerais devem ser oferecidas de acordo com a necessidade do paciente. Deve ser seguidas a RDA (mínimo) e UL (máximo).

Existe uma crescente evidência de que a dietoterapia é um fator importante no prognóstico e no tratamento dos pacientes com insuficiência cardíaca, porém ainda há diversas lacunas no que diz respeito à suplementação de nutrientes.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Vegetais podem conferir proteção ao câncer


Pesquisadores norte-americanos encontraram que dieta rica em vegetais crucíferos alterou beneficamente a comunidade bacteriana do intestino humano comparada com dieta sem vegetais e sem fibras, trazendo proteção contra diversos tipos de cânceres do trato gastrintestinal.


Doze homens e cinco mulheres saudáveis, com idades entre 20 e 40 anos e índice de massa corporal (IMC) dentro da faixa de normalidade (18,5 a 24,9 kg/m2) participaram deste estudo. Não poderiam participar do experimento aqueles que apresentassem alguns dos seguintes critérios de exclusão: desordens gastrointestinais, alergia ou intolerância a algum alimento utilizado no estudo, uso de antibiótico nos três meses antecedentes ao estudo, uso de medicamentos e constipação grave que necessitasse tratamento médico.


Todos os participantes consumiram duas dietas diferentes durante 14 dias cada uma, com intervalo de 21 dias entre elas. As dietas foram calculadas para oferecer proporções similares de macronutrientes, com exceção à quantidade de fibras alimentares:

• Dieta basal (DB): dieta base, privada de frutas, vegetais e alimentos integrais


• Dieta vegetal (DV): dieta base com adição de 14 g/kg peso corporal/dia de vegetais crucíferos (brócolis, couve-flor, repolho verde e roxo)



Embora cada indivíduo apresentasse uma comunidade bacteriana intestinal particular, as análises mostraram que houve diferença significativa entre a estrutura da comunidade bacteriana intestinal dos participantes quando se alimentaram da DB comparada com a DV.

“Os vegetais crucíferos são ricos em alguns componentes dietéticos, como as fibras alimentares (celulose, hemiceluloses e pectina) e outros componentes como as lignanas (esteróide vegetal de ação análoga ao estrógeno em mamíferos) e os glucosinolatos (fitoquímico), que servem como substratos metabólicos para algumas bactérias do intestino humano”, relatam os autores.


Os vegetais crucíferos conferem proteção contra o câncer, especialmente os cânceres do trato gastrointestinal, bexiga, próstata e pulmão. Isto porque as bactérias intestinais que se “alimentam” dos componentes desses produtos alimentícios suprimem o crescimento de células tumorais. Além disso, um componente presente nesses alimentos, o isotiocianato (produto da hidrólise dos glucosinolatos), apresenta propriedades anticarcinogênicas, contribuindo ainda mais com esta proteção.

Fonte: Nutritotal