Saúde. Estudo contesta consenso de que medida de circunferência abdominal estimaria ocorrência de doenças vasculares com mais precisão que o índice de massa corporal (IMC); as duas medidas seriam igualmente eficazes quando acompanhadas por outros exames.
Medidas de obesidade geral - como o Índice de Massa Corporal (IMC) - são tão boas para prever risco cardiovascular quanto estimativas de obesidade localizada - como a medida de circunferência abdominal. É o que diz estudo da Universidade de Cambridge publicado na revista The Lancet.
O resultado contesta o consenso anterior, que afirma que a medida de circunferência abdominal prevê com uma precisão três vezes maior o risco de enfarte do miocárdio quando comparado às estimativas baseadas no IMC.
A pesquisa avaliou informações sobre 221.934 pessoas, que participaram de 58 estudos de longo prazo. Os autores avaliaram o impacto de três variáveis comumente relacionadas ao surgimento de doenças cardiovasculares: a medida da circunferência do abdome, o IMC e a relação entre a medida do abdome e do quadril.
A conclusão foi que esses três fatores têm capacidade igual de determinar riscos cardiovasculares, desde que se levem em consideração dados adicionais sobre pressão sanguínea, histórico de diabetes e colesterol.
De acordo com o cardiologista Heno Lopes, coordenador do Ambulatório de Síndrome Metabólica do Instituto do Coração (Incor-USP), esses resultados concordam com os estudos que estão sendo realizados dentro do instituto paulista.
Ele enfatiza que, apesar de alguns médicos considerarem que a medida da circunferência abdominal diz mais sobre os riscos cardíacos do paciente, a tendência dos estudos atuais é considerar mais o IMC ao tentar estimar os riscos.
Lopes diz que parte da comunidade científica discute se a obesidade é um fator tão determinante para o surgimento de problemas no coração. "Sem dúvida, a obesidade está associada a mais de 30 doenças", aponta o cardiologista. "Mas em relação à doença cardiovascular, as coisas estão começando a mudar um pouco. Não é só a gordura que é responsável por esses problemas. Outros fatores genéticos podem ser mais determinantes (mais informações nesta página)".
O cardiologista Daniel Magnolli, diretor de Nutrologia do Hospital do Coração (HCor), concorda. "A obesidade, isoladamente, é um fator de risco com impacto menor que diabete, hipertensão e colesterol elevado." Ele afirma que as pessoas obesas costumam ter outras condições associadas relacionadas aos riscos cardiovasculares.
A endocrinologista Cláudia Cozer, diretora da Associação Brasileira para o Estudo da obesidade (Abeso), questiona o estudo, enfatizando que a medida da circunferência do abdome é determinante para o risco cardiovascular.
"A medida da circunferência abdominal é a que mais se equipara com resultados de tomografia para ver o quanto de gordura visceral o paciente possui. Os trabalhos de literatura mostram que esse exame de consultório simples e barato tem um índice de acerto de 96%", diz.
Para o médico Marcus Malachias, presidente do Departamento de hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia, a regra sobre o risco associado com o tamanho da circunferência abdominal continua valendo. "Quando medimos a circunferência abdominal, estamos medindo também uma gordura que está por dentro."
O endocrinologista Bruno Geloneze, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sublinha que o IMC e a medida de circunferência abdominal só oferecem previsões igualmente precisas quando estão acompanhados de "dados adicionais sobre pressão sanguínea, histórico de diabetes e colesterol", como precisam os autores do estudo.
Mas ele recorda que tais dados são obtidos com exames mais complexos que o simples uso de uma fita métrica e uma balança - únicos instrumentos necessários para cálculo do IMC e da circunferência abdominal. Na prática, o uso conjunto do IMC e da medida de circunferência abdominal continua sendo uma alternativa eficaz para uma primeira triagem em pessoas que procuram a rede de saúde para avaliação de riscos cardiovasculares.
Vários autores do artigo declararam conflitos de interesse: de contratos com farmacêuticas a patentes relacionadas a exames de biomarcadores para doenças cardiovasculares.
Fonte: CFN
Medidas de obesidade geral - como o Índice de Massa Corporal (IMC) - são tão boas para prever risco cardiovascular quanto estimativas de obesidade localizada - como a medida de circunferência abdominal. É o que diz estudo da Universidade de Cambridge publicado na revista The Lancet.
O resultado contesta o consenso anterior, que afirma que a medida de circunferência abdominal prevê com uma precisão três vezes maior o risco de enfarte do miocárdio quando comparado às estimativas baseadas no IMC.
A pesquisa avaliou informações sobre 221.934 pessoas, que participaram de 58 estudos de longo prazo. Os autores avaliaram o impacto de três variáveis comumente relacionadas ao surgimento de doenças cardiovasculares: a medida da circunferência do abdome, o IMC e a relação entre a medida do abdome e do quadril.
A conclusão foi que esses três fatores têm capacidade igual de determinar riscos cardiovasculares, desde que se levem em consideração dados adicionais sobre pressão sanguínea, histórico de diabetes e colesterol.
De acordo com o cardiologista Heno Lopes, coordenador do Ambulatório de Síndrome Metabólica do Instituto do Coração (Incor-USP), esses resultados concordam com os estudos que estão sendo realizados dentro do instituto paulista.
Ele enfatiza que, apesar de alguns médicos considerarem que a medida da circunferência abdominal diz mais sobre os riscos cardíacos do paciente, a tendência dos estudos atuais é considerar mais o IMC ao tentar estimar os riscos.
Lopes diz que parte da comunidade científica discute se a obesidade é um fator tão determinante para o surgimento de problemas no coração. "Sem dúvida, a obesidade está associada a mais de 30 doenças", aponta o cardiologista. "Mas em relação à doença cardiovascular, as coisas estão começando a mudar um pouco. Não é só a gordura que é responsável por esses problemas. Outros fatores genéticos podem ser mais determinantes (mais informações nesta página)".
O cardiologista Daniel Magnolli, diretor de Nutrologia do Hospital do Coração (HCor), concorda. "A obesidade, isoladamente, é um fator de risco com impacto menor que diabete, hipertensão e colesterol elevado." Ele afirma que as pessoas obesas costumam ter outras condições associadas relacionadas aos riscos cardiovasculares.
A endocrinologista Cláudia Cozer, diretora da Associação Brasileira para o Estudo da obesidade (Abeso), questiona o estudo, enfatizando que a medida da circunferência do abdome é determinante para o risco cardiovascular.
"A medida da circunferência abdominal é a que mais se equipara com resultados de tomografia para ver o quanto de gordura visceral o paciente possui. Os trabalhos de literatura mostram que esse exame de consultório simples e barato tem um índice de acerto de 96%", diz.
Para o médico Marcus Malachias, presidente do Departamento de hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia, a regra sobre o risco associado com o tamanho da circunferência abdominal continua valendo. "Quando medimos a circunferência abdominal, estamos medindo também uma gordura que está por dentro."
O endocrinologista Bruno Geloneze, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sublinha que o IMC e a medida de circunferência abdominal só oferecem previsões igualmente precisas quando estão acompanhados de "dados adicionais sobre pressão sanguínea, histórico de diabetes e colesterol", como precisam os autores do estudo.
Mas ele recorda que tais dados são obtidos com exames mais complexos que o simples uso de uma fita métrica e uma balança - únicos instrumentos necessários para cálculo do IMC e da circunferência abdominal. Na prática, o uso conjunto do IMC e da medida de circunferência abdominal continua sendo uma alternativa eficaz para uma primeira triagem em pessoas que procuram a rede de saúde para avaliação de riscos cardiovasculares.
Vários autores do artigo declararam conflitos de interesse: de contratos com farmacêuticas a patentes relacionadas a exames de biomarcadores para doenças cardiovasculares.
Fonte: CFN
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