sexta-feira, 24 de julho de 2009

Dislipidemias em escolares

Um artigo publicado no periódico Arquivos Brasileiros de Cardiologia em junho de 2009, cujo objetivo era investigar a prevalência de dislipidemia em crianças e adolescentes da rede particular de ensino na cidade de Belém, mostra dados alarmantes.

Foram investigados 437 escolares, com faixa etária entre 6 e 19 anos. Foram mensurados peso e estatura, para cálculo do índice de massa corporal (IMC) e pregas cutâneas para o cálculo do percentual de gordura. O perfil lipoprotéico sérico foi obtido através da dosagem do colesterol total, triglicerídeo, LDL-colesterol e o HDL-colesterol após 12 horas de jejum, determinado por métodos enzimáticos.

Do total de escolares analisados 126 (28,8%) apresentaram excesso de peso e 158 (36,2%) índice de adiposidade elevado. As crianças (33,6%) apresentaram maior prevalência de obesidade quando comparadas com os adolescentes (10,1%). Em relação às características bioquímicas constatou-se que 214 (49%) apresentaram alguma alteração no perfil lipídico e que as crianças e os adolescentes da faixa de 10 a 15 anos foram os grupos etários que apresentaram maiores taxas de dislipidemia (34,6 e 25,5 %), respectivamente.

Segundo o estudo, esses achados demonstram a importância de se diagnosticar precocemente o possível perfil lipídico, principalmente se este já apresentar associação com outro fator de risco como a obesidade.

É importante o controle de peso durante a infância e adolescência, uma vez que a obesidade, além de ser um fator de risco independente para o desenvolvimento da aterosclerose, pode estar associada a uma série de outros fatores de risco, como hipertensão arterial, diabete melito tipo 2 e dislipidemia.

A associação entre massa corporal e dislipidemia tem múltiplas causas metabólicas: resistência à insulina, hiperinsulinemia, hiperglicemia e aumento da proteína transportadora de ésteres de colesterol secretada pelos adipócitos, entre outros. Tanto o controle do peso corporal como também o da gordura localizada parece ser uma medida eficaz no controle da dislipidemia, com diminuição de LDL-C e aumento de HDL-C, principalmente em meninas.


É necessário que a prevenção da doença ateroesclerótica seja iniciada na infância, e a equipe de saúde deve estar atenta para identificar e intervir precocemente nos seus fatores de risco, a fim de que sejam adotados programas preventivos, que incluam o estímulo à adoção de hábitos alimentares adequados e estilo de vida saudável.


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