sexta-feira, 26 de junho de 2009

Glicemia da gestante e a saúde do bebê

A avaliação médica e nutricional das gestantes é alvo de inúmeros estudos em todo o mundo. Um dos temas bastante discutido atualmente é a hiperglicemia materna. O estudo sobre o tema concluído nos Estados Unidos, o HAPO (The Hyperglycemia and Adverse Pregnancy Outcome) acompanhou mais de 25 mil gestantes e seus bebês.

Um dos principais achados foi que pequenas variações no açúcar do sangue das mães influenciam tanto na produção de insulina como na adiposidade do corpo do bebê.

Outras evidências foram a relação do tamanho do bebê ao nascer com a adiposidade na vida futura da criança, com o aparecimento de obesidade e de alterações em seus pâncreas, podendo conferir maior risco para desenvolvimento de diabetes.

Para a médica endocrinologista Ellen Simone Paiva, estes achados têm grande peso na avaliação médica e nutricional das gestantes, principalmente pelo fato do estudo ter sido realizado com gestantes sem sinais de diabetes gestacional.

Segundo o estudo, estas gestantes não diabéticas, mas com maiores elevações glicêmicas, deram à luz a bebês com mais gordura corporal e maior produção de insulina. O alerta se dá pelo fato destas alterações glicêmicas serem muito menores do que aquelas anteriormente estipuladas como perigosas e também podem atravessar a barreira placentária e alcançar o feto, estimulando a excessiva produção de insulina.

A insulina, segundo a endocrinologista, acelera os mecanismos de estocagem de energia sob a forma de gordura, propiciando o nascimento de bebês com muito mais gordura corporal e com um mecanismo acionado para que possam continuar lidando dessa mesma forma com os nutrientes que chegam até eles.

Diabetes gestacional

O Diabetes Mellitus é caracterizado pelo aumento dos níveis de açúcar no sangue, ou
hiperglicemia. Isso pode ocorrer por diferentes motivos, culminando nos vários tipos da doença. O diabetes gestacional é um deles, e aparece durante a gestação. Na maioria dos casos, desaparece após o parto. Em alguns casos, no entanto, as mulheres acabam desenvolvendo diabetes tipo 2 alguns anos após o parto, principalmente se estiverem acima do peso.

Além dos sintomas comuns aos demais tipos de diabetes, pode haver excessivo ganho de peso, infecções urinárias, vômitos e visão turva. Mas como também é possível que aconteçam apenas sintomas leves, é imprescindível o acompanhamento pré-natal adequado e realização de exames específicos ao menor sinal de problemas.

Se não diagnosticada e tratada desde o início, há riscos imensos para a gestante e para o bebê. Na gestante, dificuldade de cicatrização, queda da resistência imunológica, infecções urinárias, de pele ou vaginais, hipertensão arterial e suas conseqüências, que podem acabar num aborto ou parto prematuro. Para o feto, há risco de hipoglicemia, icterícia prolongada, problemas respiratórios e até malformações cardíacas.

Estão mais propensas a desenvolver o problema as gestantes já expostas aos fatores hormonais que facilitam a ocorrência das elevações da glicose, tais como aquelas com sobrepeso ou obesidade, tabagistas, ou com antecedentes pessoais de partos complicados, histórico de diabetes da família, portadoras da Síndrome dos Ovários Policísticos e aquelas com excessivo ganho de peso durante a gestação.

Cerca de 7% de todas as gestações nos Estados Unidos são afetadas pelo diabetes gestacional, resultando em mais de 200 mil casos anuais. No Brasil, segundo o Projeto Diretrizes da Associação Médica Brasileira, elaborado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a prevalência da doença está entre 2,4% e 7,2% das gestantes.

Fonte: Nutritotal

Nenhum comentário: