Um estudo publicado no periódico Caderno de Saúde Pública de abril de 2009, sob o título "Frequência de hábitos saudáveis de alimentação medidos a partir dos 10 passos da alimentação saudável do Ministério da Saúde", teve o objetivo de medir a frequência dos 10 Passos para a Alimentação Saudável na população adulta de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, além de avaliar a influência de variáveis demográficas e socioeconômicas na execução dos mesmos.
O desfecho avaliado foi o hábito alimentar de adultos utilizando-se como referência os 10 Passos para Alimentação Saudável propostos pelo Ministério da Saúde Brasileiro, que incluem:
Passo 1 - Aumente e varie o consumo de frutas, legumes e verduras. Coma-os cinco vezes por dia;
Passo 2 - Coma feijão pelo menos uma vez por dia, no mínimo quatro vezes por semana;
Passo 3 - Reduza o consumo de alimentos gordurosos, como carnes com gordura aparente, salsicha, mortadela, frituras e salgadinhos, para no máximo uma vez por semana;
Passo 4 - Reduza o consumo de sal. Tire o saleiro da mesa;
Passo 5 - Faça pelo menos três refeições e um lanche por dia. Não pule as refeições;
Passo 6 - Reduza o consumo de doces, bolos, biscoitos e outros alimentos ricos em açúcar para no máximo duas vezes por semana;
Passo 7 - Reduza o consumo de álcool e refrigerantes. Evite o consumo diário;
Passo 8 - Aprecie sua refeição. Coma devagar;
Passo 9 - Mantenha seu peso dentro dos limites saudáveis - veja no serviço de saúde se seu IMC (índice de massa corporal) está entre 18,5 e 24,9Kg/m²;
Passo 10 - Seja ativo. Acumule trinta minutos de atividade física todos os dias. Caminhe pelo seu bairro. Suba escadas. Não passe muitas horas assistindo TV.
A amostra do estudo foi bastante significativa, totalizando 3136 indivíduos, sendo 56,1% do sexo feminino.
Somente 1,1% da população estudada seguia todos os passos de uma alimentação saudável.
Pouco mais da metade (57,5%) consumia frutas, verduras e legumes diariamente. Esta frequência é considerada baixa, já que esses alimentos protegem contra cânceres, doenças isquêmicas e do coração, diabetes e obesidade.
Houve boa adesão ao consumo de feijão (71,1%) por pelo menos quatro vezes por semana, embora outros estudos relatem abandono desse tradicional e saudável hábito alimentar da população brasileira.
Menos da metade dos indivíduos relatou consumir alimentos gordurosos no máximo uma vez por semana. O elevado consumo de colesterol, lipídios e ácidos graxos saturados contribui para o aparecimento de dislipidemias, obesidade, diabetes e hipertensão. Esse achado é compatível com a transição nutricional ocorrida no país, onde o consumo de lipídios ultrapassa o recomendado.
A maior adesão foi a não adição de sal nos alimentos já prontos (87,2%). Os principais fatores nutricionais associados com a alta prevalência de hipertensão arterial são o consumo de álcool, sódio e o excesso de peso, sendo um dos principais o consumo excessivo de sódio.
A recomendação de três refeições diárias e um lanche era seguida por cerca de metade dos adultos. O fracionamento das refeições é muito relacionado com alimentação saudável.
O consumo de doces, bolos, biscoitos e outros alimentos ricos em açúcar mais que duas vezes por semana foi relatado por 41% dos adultos.
Somente 20,3% dos entrevistados consumiam diariamente álcool e refrigerantes.
O passo 8 (coma devagar) teve 52,9% de adesão. A definição de velocidade de realização das refeições ficou a critério do entrevistado.
Menos da metade aderiu ao passo de manter o peso dentro dos limites saudáveis. Grande percentual dos indivíduos estava com excesso de peso (51,4%) e um percentual considerável apresentava obesidade (15,4%). Os dois principais fatores relacionados com a elevação das prevalências de obesidade são mudanças no consumo alimentar e redução da atividade física.
O passo de acumular trinta minutos de atividade física foi o que teve menor adesão. A prática de atividade física regular é um dos principais componentes na prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis.
A adesão a maioria dos passos foi mais frequente em mulheres, que aderiram mais aos passos 1,3,4,5,7,8 e 9. Os indivíduos mais velhos e com menor escolaridade também tiveram mais adesão.
A frequência de hábitos saudáveis de alimentação encontrada nesta população foi baixa. Esses resultados são consistentes com o aumento da prevalência de excesso de peso na cidade e no país.
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