
Foi identificado um perfil semelhante nos nove estados pesquisados (Amazonas, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Distrito Federal, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul): falta de cálcio e dieta rica em carboidratos e proteínas, mas muito pobre em frutas, verduras e legumes, entre outros problemas nutricionais.
“Dos resultados, o que é urgente e que está preocupando mais as organizações tanto governamentais como não-governamentais é a necessidade do aumento de alimentos específicos – frutas, verduras, legumes e derivados lácteos, que são essenciais. Mas é uma mudança que deve acontecer desde a educação familiar até o currículo escolar”, afirma o dr. Fisberg.

O Nutri-Brasil Infância constatou que 57% das crianças de 4 a 6 anos não ingerem a quantidade diária recomendada de cálcio, mineral fundamental na infância, justamente na época em que ocorrem as grandes mudanças físicas do indivíduo - crescimento ósseo longitudinal e modificações no tamanho e no formato do esqueleto.

Outro ponto destacado pelo dr. Fisberg foi o elevado consumo de colesterol e gordura trans em casa, local em que as refeições têm uma quantidade de fibras, vitaminas A, C, K, folato, ferro, cobre e magnésio ainda menor que nas escolas. “Percebemos que muitos comem a mesma quantidade em casa, mas num espaço de tempo menor. Já na escola, a alimentação é avaliada, medida e tem algum tipo de orientação”, explica o dr. Fisberg.

O Estudo Nutri-Brasil Infância mostra ainda que as crianças brasileiras estão consumindo três vezes mais a quantidade de sódio diária recomendada, o que, futuramente, pode levar a distúrbios cardiovasculares, como hipertensão. De acordo com o dr. Fisberg, esse resultado se deve principalmente à tendência brasileira de preparar os alimentos básicos, como arroz e feijão, com uma enorme quantidade de sal, além de adicioná-lo também aos alimentos depois de prontos.
Do ponto de vista da avaliação antropométrica, observou-se o excesso de peso em 27,4% das crianças menores de 5 anos. Os índices maiores foram encontrados nas escolas privadas, onde a taxa alcança 33,6%, enquanto nas públicas é de 25,8%.
A baixa estatura para a idade, encontrada em 5% das crianças, também chamou a atenção dos especialistas. Os piores números apareceram nas creches públicas, onde o índice de estatura abaixo de dois desvios padrão da curva da Organização Mundial de Saúde chega a 6,25%, enquanto nas privadas é de 3,83%.
“A alimentação nessa fase é essencial porque cria o hábito. E nesse período, podem surgir as doenças crônicas, como anemia ou fome oculta, além de sobrepeso e obesidade, que podem levar, no futuro, ao desenvolvimento de doenças.”
Fonte: Nutritotal